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Desenvolvimento tecnológico na terapia TIL

TIL: conheça mais uma nova terapia celular no combate ao câncer

Categoria: Inovação

Os tumores se caracterizam pelo crescimento desordenado de células, existindo mais de 100 tipos diferentes de cânceres, sendo a grande maioria tumores sólidos. Em alguns casos, os tumores sólidos ficam restritos aos órgãos de origem (tumor fundador ou tumor primário). Porém, as células cancerígenas podem adquirir a capacidade de migrar e invadir outros tecidos e órgãos diferentes do local de origem, alojando-se e estabelecendo novos nichos. Entre os tipos mais comuns estão: próstata, mama, colo de útero, pulmão, intestino, estômago e pele.

A evolução da oncologia nas últimas décadas trouxe inovações promissoras no combate ao câncer, com destaque para as terapias celulares adotivas (ACT), como TIL, TCR-T e CAR-T. Ao utilizar o potencial do sistema imunológico para identificar e destruir células tumorais, esse tipo de terapia é uma nova fronteira na medicina de precisão.

Desenvolvida pelo pesquisador Steven Rosenberg, cirurgião do Instituto do Câncer dos Estados Unidos, a partir de 1986, a terapia com linfócitos infiltrantes de tumor (TIL) envolve a extração de células imunes do próprio tumor do paciente. Essas células, após serem cultivadas e expandidas em laboratório, são reintroduzidas no organismo para atacar as células cancerígenas.

De forma simplificada, o diferencial do TIL é que ele reconhece os neoantígenos únicos do câncer de cada paciente. Após o reconhecimento dos neoantígenos, os TILs são ativados e promovem a destruição do tumor. Segundo esse estudo, que analisa as últimas pesquisas clínicas relacionadas ao TIL, mostram que esta abordagem personalizada tem mostrado taxas de resposta mais elevadas e maiores chances de remissão.

Como funciona

A terapia TIL consiste na extração de linfócitos T e B diretamente do tumor do paciente. Como essas células já foram expostas ao tumor e o identificaram como um antígeno estranho, elas podem ser isoladas, expandidas em laboratório e reintroduzidas no corpo, direcionando-se de forma precisa para destruir as células cancerígenas.

Por serem extraídas do próprio tumor, os TILs são personalizados para cada paciente, o que reduz significativamente o risco de rejeição ou da doença do enxerto contra o hospedeiro (GVHD), comumente associada a terapias alogênicas.

Como é utilizada em tumores sólidos

Segundo este estudo, publicado em 12 de setembro de 2024, a terapia TIL vem demostrando ser promissora na obtenção de respostas duradouras, mesmo em cânceres avançados ou com metástase. Alguns pacientes apresentaram remissões completas e sustentadas, sugerindo que o tratamento pode fornecer benefícios duradouros.

Diferente da terapia com células CAR-T, que têm excelentes resultados em cânceres hematológicos, a terapia TIL tem sido aplicada em uma ampla gama de tumores sólidos, incluindo melanoma, câncer cervical, câncer de pulmão, câncer de mama e, mais recentemente, câncer intestinal gástrico. O que a torna uma opção de tratamento potencialmente valiosa para uma variedade de tipos de câncer.

Recentemente, a Food and Drug Administration (FDA), agência americana que controla e regulamenta medicamentos, aprovou uma terapia de linfócitos infiltrantes de tumor (TIL) chamada lifileucel (também conhecida como Amtagvi). Essa terapia é destinada para o tratamento de melanoma avançado, marcando a primeira terapia celular para tratar tumores sólidos.

Além disso, a terapia TIL pode ser usada em combinação com outras imunoterapias, como inibidores de ponto de verificação imunológico, para aumentar sua eficácia. Essa abordagem combinada pode fornecer benefícios aditivos ou sinérgicos no tratamento do câncer.

Efeitos colaterais apresentados

Assim como uma terapia inovadora, existem riscos e efeitos colaterais potenciais. Entre eles, podem ocorrer dispneia transitória, calafrios e febre logo após a infusão. Esses efeitos adversos, contudo, não estão associados a níveis elevados de citocinas no sangue e não devem ser confundidos com a síndrome de liberação de citocinas, frequentemente observada em outras terapias celulares, como a CAR-T.

Mais esperança para pacientes oncológicos

Com os avanços contínuos na biotecnologia, várias terapias, entre elas a TIL, estão sendo otimizadas, trazendo novas esperanças para pacientes oncológicos. Este estudo mostrou como a medicina vem evoluindo, buscando de maneira intensa novas soluções para tumores sólidos. Dessa forma, o futuro da medicina de precisão parece cada vez mais promissor, com a possibilidade de tratamentos mais eficazes e personalizados para diferentes tipos de câncer.

Leia também em nosso blog o artigo “Macrófagos CAR e células CAR-T: imunoterapia combinatória”.

 

Referência bibliográfica
Satoko Matsueda ,  Lei Chen ,  Hongmei Li ,  Hui Yao  e Fuli Yu. Recent clinical researches and technological development in TIL therapy. Publicado em 12 de setembro de 2024. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC11393248/