As células CAR-T (Receptores de Antígenos Quiméricos) não foram criadas por uma única pessoa, mas o desenvolvimento dessa tecnologia foi realizado por vários pesquisadores ao longo do tempo. A ideia inicial dos CAR-T remonta às décadas de 1980 e 1990, quando cientistas começaram a explorar maneiras de modificar as células do sistema imunológico para direcioná-las especificamente contra células cancerígenas.
Já o conceito de inserir um receptor de antígeno quimérico em células T foi proposto por vários cientistas, incluindo Zelig Eshhar, um imunologista israelense, cujo trabalho pioneiro foi fundamental para a criação das primeiras células CAR-T. Desde então, muitos pesquisadores ao redor do mundo contribuíram para a evolução e otimização dessa tecnologia, resultando nas gerações subsequentes de células CAR-T e avanços significativos no campo da terapia celular contra o câncer.
Evolução da terapia com células CAR-T
A evolução da terapia com células CAR-T (Receptores de Antígenos Quiméricos) tem sido reconhecida em vários estudos como uma possibilidade de tratamento para casos oncológicos graves. Inicialmente, as células CAR-T foram desenvolvidas como uma abordagem experimental para tratar cânceres, especialmente leucemias e linfomas refratários.
No início, essas células CAR-T eram de primeira geração, consistindo apenas no domínio de ligação ao antígeno e sinalização intracelular básica e, segundo estudos, mostravam eficácia limitada. Já a segunda geração de células CAR-T incorporou um segundo sinal de coestimulação citoplasmática, melhorando significativamente a resposta imune. Esta abordagem foi mais eficaz no tratamento de certos tipos de câncer, levando a resultados mais positivos em ensaios clínicos.
A terceira geração incluiu modificações adicionais para aprimorar a persistência e eficácia das células CAR-T. Além disso, houve uma expansão nos alvos terapêuticos, indo além das células B para incluir outras malignidades.
Hoje, a tecnologia CAR-T já se encontra em sua quinta geração e está entre os tratamentos mais promissores para o câncer, particularmente para malignidades linfóides refratárias. Apesar da eficácia comprovada dos CAR-Ts que reconhecem CD19 e outros antígenos, o manejo ideal para os efeitos colaterais potencialmente fatais ainda não foi alcançado. Por isso, nos estudos mais recentes muitas estratégias surgiram para melhorar as terapias CAR-T, visando evitar efeitos adversos e aumentar a sobrevivência e eficácia das células modificadas. Entre eles, citamos CARs direcionados a múltiplos antígenos, CAR-T controlado/sintonizado, capaz de modular a resposta imune do paciente e/ou eliminar as células CAR-T quando ocorre um efeito adverso de alto risco, CARs biespecíficos, que só são ativados quando dois antígenos do tumor são ligados, Engajadores biespecíficos de células T (BiTEs TM , Amgen, Thousand Oaks, CA, EUA) que são anticorpos biespecíficos que ligam o antígeno CAR na célula T ao antígeno tumoral, CAR-T com pontes peptídicas onde uma proteína solúvel liga uma célula CAR-T “universal” ao alvo tumoral específico ou CARs com afinidade reduzida para o antígeno.
Desenvolvimento tecnológico
Com o tempo, as terapias com células CAR-T tornaram-se mais personalizadas, adaptando-se à singularidade de cada paciente. Alguns produtos CAR-T receberam aprovações regulatórias, marcando um avanço significativo na integração dessas terapias no tratamento convencional do câncer.
A evolução contínua da pesquisa e desenvolvimento nesse campo promete melhorar ainda mais a eficácia e a aplicabilidade das terapias com células CAR-T no tratamento do câncer.
Primeiros tratamentos com células CAR-T
Os primeiros tratamentos com células CAR-T foram focados em pacientes com Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), especialmente aqueles que não respondiam a tratamentos convencionais. O marco inicial ocorreu na década de 2010, com resultados notáveis no desenvolvimento da terapia CAR-T.
Em 2010, ocorreu o primeiro ensaio clínico bem-sucedido. O pesquisador Carl June e sua equipe na Universidade da Pensilvânia conduziram o primeiro ensaio clínico com sucesso usando células CAR-T em pacientes com Leucemia Linfóide Aguda. Este marco histórico mostrou que as células T modificadas podiam induzir remissão em pacientes gravemente doentes.
Já em 2012, houve uma resposta positiva em pacientes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) Pediátrica. A Novartis e a Universidade da Pensilvânia relataram resultados positivos em um ensaio clínico envolvendo crianças com LLA. Neste estudo, muitos pacientes que não respondiam a tratamentos anteriores alcançaram remissão completa.
Em 2017, veio a aprovação do primeiro tratamento com CAR-T. O tratamento CAR-T chamado Kymriah (tisagenlecleucel) da Novartis recebeu a aprovação da Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, para tratar pacientes pediátricos e adultos jovens com LLA refratária ou em recidiva. Este foi um passo crucial na integração das terapias CAR-T na prática clínica.
Esses eventos marcaram o início de uma nova era na terapia contra o câncer, demonstrando o potencial das células CAR-T para tratar pacientes com cânceres refratários e oferecendo uma perspectiva promissora para futuras inovações na área de terapia celular.
Pioneirismo na tecnologia CAR-T
A Celluris foi a primeira empresa a desenvolver a tecnologia CAR-T no Brasil. Ainda hoje, é a que mais se dedica a este campo de estudo, trabalhando para oferecer terapias personalizadas aos pacientes. Para conhecer ou saber mais sobre a empresa, acesse o site.
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