Os gliomas é a forma mais comum de tumores do sistema nervoso central malignos que acomete tanto adultos quanto crianças, mas são frequentemente mais diagnosticados em adultos. Esses tumores localizados no cérebro são divididos em circunscritos, ou seja, benignos e curáveis com cirurgia e, os difusos, que são os malignos e que requerem tratamento adicional. No primeiro caso, o tratamento padrão para gliomas de baixo grau (LGG) geralmente envolve ressecção cirúrgica. Já os gliomas de alto grau (HGG) necessitam também de quimioterapia e radioterapia.
Segundo a classificação mais recente da Organização Mundial de Saúde, novos biomarcadores moleculares estão sendo estudados para o diagnóstico e tratamento de gliomas. Entre os novos tratamentos direcionados estão: Moléculas de Checkpoint Imunológico; Inibidores que afetam a função dos Macrófagos Associados ao Tumor (TAMs), Vacinas de Células Dendríticas e a Terapia com Células CAR-T.
Uso da imunoterapia em gliomas
O estudo “Glioma targeted therapy: insight into future of molecular approaches” apresenta os tipos de imunoterapias mais comuns que estão sendo direcionadas para o tratamento de gliomas. Entre os tratamentos utilizados, os pesquisadores apontam quatro.
O primeiro exemplo citado são as moléculas com inibidores de Checkpoint Imunológico como nivolumabe e pembrolizumabe que bloqueiam PD-1/PD-L1, enquanto o ipilimumabe bloqueia CTLA-4, permitindo uma resposta imunológica mais robusta contra o tumor.
O segundo exemplo são alvos que afetam a função e proliferação dos macrófagos associados ao tumor (TAMs), já que os Inibidores de CSF-1R, podem reduzir o crescimento tumoral.
As Vacinas de Células Dendríticas que são as vacinas como DCVax-L usam células dendríticas carregadas com antígenos tumorais para estimular uma resposta imunológica específica.
E, por último, a terapia com Células CAR-T que são as Células T modificadas para expressar receptores específicos, como IL13Rα2, que atacam células tumorais.
CAR-T e os gliomas
Os estudos publicados em revistas científicas mostram que uso de células CAR-T (receptor de antígeno quimérico da célula T) no tratamento de gliomas, particularmente o glioblastoma, é um campo de pesquisa em desenvolvimento. O uso de células CAR-T já mostrou eficácia em neoplasias malignas hematológicas, porém, sua aplicação em tumores sólidos como o glioblastoma é um desafio devido à heterogeneidade tumoral e ao microambiente imunossupressor.
Principais pontos sobre o uso de CAR-T em gliomas:
Estudos recentes demonstraram que a terapia com células CAR-T pode ser eficaz em pacientes com glioblastoma, mesmo em casos recorrentes e avançados. O estudo INCIPENT apontou que as células CARv3-TEAM-E tiveram um perfil de segurança adequado, com eventos adversos manejáveis.
Já um estudo publicado no The New England Journal of Medicine relatou o caso de um paciente de 72 anos com glioblastoma que teve regressão do tumor, após receber uma versão modificada da terapia CAR-T. Os resultados se mantiveram por aproximadamente três meses.
Desafios no tratamento com CAR-T
Segundo os estudos realizados, a heterogeneidade tumoral e o microambiente imunossupressor são fatores limitantes no uso das células CAR-T em tumores sólidos. Esses dois fatores dificultam o trabalho dos pesquisadores porque quanto mais heterogêneo e imunossupressor o ambiente, mais difícil encontrar antígenos específicos e seguros para o alvo.
Por isso, os pesquisadores estão explorando diferentes estratégias para superar esses desafios, incluindo a modificação das células CAR-T para melhorar sua eficácia em tumores sólidos.
Conclusão
Em resumo, o uso de células CAR-T no tratamento de gliomas é promissor, mas ainda está em fase de desenvolvimento e requer novos estudos para assegurar respostas duradouras e eficazes.
Leia também em nosso blog sobre avanços promissores da tecnolgia CAR-T em tumores sólidos.