Nos últimos anos, estudos mostraram os resultados promissores do uso das células CAR-T no tratamento de pacientes oncológicos. Após os avanços desse tipo de tratamento em pacientes com diversos tipos de câncer hematológicos, as células CAR-T, ou células T modificadas geneticamente para expressar um receptor de antígeno quimérico, têm sido estudadas como uma possível terapia inovadora para pacientes com doenças autoimunes.
Tradicionalmente, as células T são responsáveis pela identificação e destruição de células anormais ou infectadas no corpo, mas em doenças autoimunes, essas células atacam erroneamente as células saudáveis do próprio organismo. A ideia por trás do uso de células CAR-T no tratamento de doenças autoimunes é reprogramar as células T para direcionar sua atividade apenas contra as células autoimunes, poupando assim as células saudáveis do organismo. Para isso, os pesquisadores têm buscado identificar antígenos específicos presentes na superfície das células autoimunes que podem ser alvos para as células CAR-T.
Em estudos pré-clínicos e clínicos, as células CAR-T têm mostrado promissores resultados no controle da resposta autoimune em modelos animais e em alguns pacientes humanos. Além disso, tem-se observado que essas células podem ser modificadas para ter uma ação mais regulatória, promovendo a tolerância imunológica ao invés de uma resposta pró-inflamatória.
No entanto, alguns desafios ainda precisam ser superados, como a identificação segura de antígenos adequados, a regulação da atividade das células CAR-T para evitar reações adversas e a otimização das condições de permanência e atividade dessas células no organismo.
Estudos já realizados
Em setembro de 2022, pesquisadores descreveram cinco pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) refratário que estavam em tratamento com células T-CAR e que alcançaram a remissão da doença sem uso de medicamentos. No momento da publicação do estudo — 17 meses após o tratamento —, nenhum paciente havia recidivado. Os autores descreveram a soroconversão dos anticorpos antinucleares em dois pacientes acompanhados pelo período máximo do estudo, “indicando que a eliminação de clones autoimunes de células B pode levar a uma correção generalizada da autoimunidade”, escreveram.
Em outro estudo de caso, publicado em junho do mesmo ano, os pesquisadores usaram células T-CAR direcionadas para o CD19 em um homem de 41 anos com síndrome de antissintetase refratária, miosite progressiva e doença pulmonar intersticial. Seis meses após o tratamento, não havia sinais de miosite na ressonância magnética e uma tomografia computadorizada de tórax mostrou regressão completa da alveolite.
Diabetes Mellitus
Já o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) representa cerca de 10% dos casos de diabetes. Neste tipo de diabetes o sistema imunológico ataca as células que produzem a insulina. Dessa forma, a produção é insuficiente para fazer com que a glicose entre nas células, permanecendo na corrente sanguínea, o que aumenta as taxas de glicemia. O principal fenômeno fisiopatológico associado a este tipo de diabetes é a resistência à ação da insulina.
A terapia de reposição de insulina é atualmente a base do tratamento para DM1; no entanto, o tratamento com insulina não melhora a progressão da doença, uma vez que a resposta imunitária desregulada e a inflamação continuam a causar maior degradação das células β pancreáticas. Vários estudos pré-clínicos demonstraram que o redirecionamento de células T CAR específicas do antígeno, especialmente células T CAR reguladoras, em direção às células β pancreáticas, poderia prevenir o início e a progressão do diabetes em modelos de camundongos diabéticos.
Embora o uso de células CAR-T para o tratamento de doenças autoimunes ainda esteja em fase inicial de estudos, os avanços alcançados até o momento apontam para um grande potencial dessa abordagem terapêutica.
Com mais pesquisas e desenvolvimento, é possível que o uso de células CAR-T se torne uma importante opção de tratamento para pacientes com doenças autoimunes, oferecendo um novo caminho para o controle da resposta imune desregulada.
Esses estudos, embora experimentais, já evidenciam que as células CAR-T podem ser uma tecnologia que traz impactos positivos para diversas pessoas que são portadoras de doenças até então incuráveis.
Celluris: pioneira na tecnologia CAR-T
A Celluris foi a primeira empresa a desenvolver a tecnologia CAR-T no Brasil. Empresa especializada em terapia celular, ainda hoje é a que mais se dedica a campo de estudo das terapias CAR-T, trabalhando para oferecer tratamentos personalizadas aos pacientes. Para conhecer ou saber mais sobre essa terapia, acesse o site.